terça-feira, 5 de julho de 2011

Vidas guiadas pelos trilhos do trem

A história da terceira geração da família Maxwell, imigrantes ingleses que chegaram ao Brasil por volta de 1880, segue a linha da extinta Viação Férrea do Rio Grande do Sul. Trilhos concertados pelas mãos de Ramão Maxwell, a partir de 1960 quando ele começou a trabalhar na Estação Ferroviária Cacequi, inaugurada em 1890. Seus três irmãos também trilharam a vida seguindo a linha férrea. Raul era chefe de trem. Romeu virava a chave para o trem passar. E Moisés era artífice da rede, o mecânico dos vagões. Todos trabalharam em Cacequi, uma região inicialmente povoada por tribos indígenas. Daí vem o nome do município que significa "Água do Cacique".

No Rio Grande do Sul, a partir de 1905, as ferrovias foram unificadas e se tornaram a VFRGS - Viação Férrea do Rio Grande do Sul. Por vários anos, até 1907, a estação Cacequi foi ponta de linha da ferrovia. Dessa estação saíam trens para Bagé, Rio Grande e Santana do Livramento. Era um importantíssimo centro de baldeação entre os entroncamentos que possuía. A baldeação era feita com todos os passageiros saindo de um trem e entrando no outro. Cada um carregando as próprias bagagens. Em 1913, o núcleo de Cacequi, junto à estação ferroviária, tinha 50 casas e 200 habitantes e iluminação a querosene. E acima das águas do Cacique está localizada a maior ponte ferroviária da América Latina, construída em 15 de Novembro de 1907. Toda metálica a ponte tem quase mil e quinhentos metros de comprimento. Uma das paisagens mais lindas do Rio Grande do Sul, local que traz impregnado em si momentos históricos tanto para o desenvolvimento do estado, quanto para a família Maxwell.
 “Eu to contando pra ti e parece que estou vendo isso tudo”, afirma a dona de casa Ângela Maxwell, 47 anos, que cresceu vendo o pai, Ramão trabalhando na estação. Era uma rotina pesada. Às 6 da manhã ele saia de casa, junto com o sol. “Ele usava botina e macacão. Colocava capote quando estava chovendo, quando não tinha chuva, não colocava. O capacete tinha escrito o nome dele na frente. Era bem parecido com roupa de bombeiro, só que amarelo” lembra Ângela.  Na estação, Ramão encontrava os colegas e ia trabalhar no concerto de linhas danificadas em um trole (espécie de carro, impulsionado por alavancas manuais). “E essa era a rotina. Todo o dia eles iam de trole. Mais ou menos 40 homens. Eles iam naqueles carrinhos linha a fora, para qualquer lugar que tivessem que arrumar trilhos”. Quando o sol estava se pondo era hora do pai retornar para a família...

(Continua)

2 comentários:

  1. E tudo isso é a trajetória de apenas uma família, que nos mostra um pedaço dfa história...

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  2. tambem senti estar vivendo esse momento.Isto tambem e uma parte da minha HISTORIA.

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