sábado, 22 de janeiro de 2011

A droga da responsabilidade

Fotografia por: Leticia Pereira
Não se atrase. Arrume a casa. Pague o aluguel, a conta de água, luz, internet...
Estude. Trabalhe. Não gaste muito, você não tem mais mesada.

                Tenho saudade da minha infância. Saudade do tempo em que minha maior dúvida era entre tomar banho de chuva, ou ficar em casa assistindo Castelo Rá Tim Bum. Minha maior preocupação era se no aniversário ia ganhar uma Barbie, uma bola. Só não queria roupas. É horrível ser criança e ganhar roupas de aniversário:
- Olha aqui, a tia trouxe uma blusinha pra você! Ahã, valeu tia.

                Perdemos metade da vida buscando a independência. Tem gente que cresce e brinca de fingir que não depende de ninguém. E isso é muito fácil. Saia da casa de seus pais e case com alguém. Pronto, você transferiu as rédeas para outra pessoa. Esse momento é comemorado em uma cerimônia chamada casamento.

Ser realmente e totalmente independente exige responsabilidade. E é aí que os problemas começam. E não terminam.  Parabéns, mamãe não manda mais em você, papai não te dá hora para chegar em casa. Agora vá dar um jeito na pilha de louça suja que está a uma semana encalhada na pia da cozinha. E não se esqueça de lavar a roupa. No banheiro, porque você é independente e ainda não conseguiu comprar uma máquina de lavar roupa. E não vale pedir de Natal. Seja forte!

Mas, depois de algum tempo você se acostuma. E gosta. Encontra alguém tão independente quanto você para dividir responsabilidades. E a rotina continua, e por incrível que pareça você não morre de tédio. Não se atrasar. Arrumar a casa. Pagar o aluguel, a conta de água, luz, internet...

*Na foto estão minha mãe (que sempre foi, e sempre será independente) e meu irmão (que ainda não é, mas um dia vai aprender a ser).

Um comentário:

  1. Como é difícil aprender a ser adulto!
    Só depois que crescemos é que damos valor à infância, não é?
    Eu, apesar de independente, de lavar a louça na pia do banheiro e as roupas no banho, continuo conservando um pedacinho de irresponsabilidade, quando, com o salário que suei pacas pra ganhar, compro alguma coisa um pouco fora do meu orçamento. Mas faz parte. É inevitavel ser adulto. Mais inevitavel ainda é deixar de ser criança...

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